segunda-feira, 17 de março de 2014

Marcos 6

Jesus saiu dali e foi para a sua cidade, acompanhado dos seus discípulos. Quando chegou o sábado, começou a ensinar na sinagoga, e muitos dos que o ouviam ficavam admirados. "De onde lhe vêm estas coisas? ", perguntavam eles. "Que sabedoria é esta que lhe foi dada? E estes milagres que ele faz? Não é este o carpinteiro, filho de Maria e irmão de Tiago, José, Judas e Simão? Não estão aqui conosco as suas irmãs? " E ficavam escandalizados por causa dele. Jesus lhes disse: "Só em sua própria terra, entre seus parentes e em sua própria casa, é que um profeta não tem honra". E não pôde fazer ali nenhum milagre, exceto impor as mãos sobre alguns doentes e curá-los. E ficou admirado com a incredulidade deles. Então Jesus passou a percorrer os povoados, ensinando. Chamando os Doze para junto de si, enviou-os de dois em dois e deu-lhes autoridade sobre os espíritos imundos. Estas foram as suas instruções: "Não levem nada pelo caminho, a não ser um bordão. Não levem pão, nem saco de viagem, nem dinheiro em seus cintos; calcem sandálias, mas não levem túnica extra; sempre que entrarem numa casa, fiquem ali até partirem; e, se algum povoado não os receber nem os ouvir, sacudam a poeira dos seus pés quando saírem de lá, como testemunho contra eles". Eles saíram e pregaram ao povo que se arrependesse. Expulsavam muitos demônios, ungiam muitos doentes com óleo e os curavam. O rei Herodes ouviu falar dessas coisas, pois o nome de Jesus havia se tornado bem conhecido. Algumas pessoas estavam dizendo: "João Batista ressuscitou dos mortos! Por isso estão operando nele poderes miraculosos". Outros diziam: "Ele é Elias". E ainda outros afirmavam: "Ele é um profeta, como um dos antigos profetas". Mas quando Herodes ouviu essas coisas, disse: "João, o homem a quem decapitei, ressuscitou dos mortos!" Pois o próprio Herodes tinha dado ordens para que prendessem João, o amarrassem e o colocassem na prisão, por causa de Herodias, mulher de Filipe, seu irmão, com a qual se casara. Porquanto João dizia a Herodes: "Não te é permitido viver com a mulher do teu irmão". Assim, Herodias o odiava e queria matá-lo. Mas não podia fazê-lo, porque Herodes temia a João e o protegia, sabendo que ele era um homem justo e santo; e quando o ouvia, ficava perplexo. Mesmo assim gostava de ouvi-lo. Finalmente chegou uma ocasião oportuna. No seu aniversário, Herodes ofereceu um banquete aos seus líderes mais importantes, aos comandantes militares e às principais personalidades da Galiléia. Quando a filha de Herodias entrou e dançou, agradou a Herodes e aos convidados. O rei disse à jovem: "Peça-me qualquer coisa que você quiser, e eu lhe darei". E prometeu-lhe sob juramento: "Seja o que for que me pedir, eu lhe darei, até a metade do meu reino". Ela saiu e disse à sua mãe: "Que pedirei? " "A cabeça de João Batista", respondeu ela. Imediatamente a jovem apressou-se em apresentar-se ao rei com o pedido: "Desejo que me dês agora mesmo a cabeça de João Batista num prato". O rei ficou muito aflito, mas por causa do seu juramento e dos convidados, não quis negar o pedido à jovem. Assim enviou imediatamente um carrasco com ordens para trazer a cabeça de João. O homem foi, decapitou João na prisão e trouxe sua cabeça num prato. Ele a entregou à jovem, e esta a deu à sua mãe. Tendo ouvido isso, os discípulos de João vieram, levaram o seu corpo e o colocaram num túmulo. Os apóstolos reuniram-se a Jesus e lhe relataram tudo o que tinham feito e ensinado. Havia muita gente indo e vindo, a ponto de eles não terem tempo para comer. Jesus lhes disse: "Venham comigo para um lugar deserto e descansem um pouco". Assim, eles se afastaram num barco para um lugar deserto. Mas muitos dos que os viram retirar-se, tendo-os reconhecido, correram a pé de todas as cidades e chegaram lá antes deles. Quando Jesus saiu do barco e viu uma grande multidão, teve compaixão deles, porque eram como ovelhas sem pastor. Então começou a ensinar-lhes muitas coisas. Já era tarde e, por isso, os seus discípulos aproximaram-se dele e disseram: "Este é um lugar deserto, e já é tarde. Manda embora o povo para que possa ir aos campos e povoados vizinhos comprar algo para comer". Ele, porém, respondeu: "Dêem-lhes vocês algo para comer". Eles lhe disseram: "Isto exigiria duzentos denários! Devemos gastar tanto dinheiro em pão e dar-lhes de comer? " Perguntou ele: "Quantos pães vocês têm? Verifiquem". Quando ficaram sabendo, disseram: "Cinco pães e dois peixes". Então Jesus ordenou que fizessem todo o povo assentar-se em grupos na grama verde. Assim, eles se assentaram em grupos de cem e de cinqüenta.
Tomando os cinco pães e os dois peixes e, olhando para o céu, deu graças e partiu os pães. Em seguida, entregou-os aos seus discípulos para que os servissem ao povo. E também dividiu os dois peixes entre todos eles. Todos comeram e ficaram satisfeitos, e os discípulos recolheram doze cestos cheios de pedaços de pão e de peixe. Os que comeram foram cinco mil homens. Logo em seguida, Jesus insistiu com os discípulos para que entrassem no barco e fossem adiante dele para Betsaida, enquanto ele despedia a multidão. Tendo-a despedido, subiu a um monte para orar. Ao anoitecer, o barco estava no meio do mar, e Jesus se achava sozinho em terra. Ele viu os discípulos remando com dificuldade, porque o vento soprava contra eles. Alta madrugada, Jesus dirigiu-se a eles, andando sobre o mar; e estava já a ponto de passar por eles. Quando o viram andando sobre o mar, pensaram que fosse um fantasma. Então gritaram, pois todos o tinham visto e ficam aterrorizados. Mas Jesus imediatamente lhes disse: "Coragem! Sou eu! Não tenham medo!" Então subiu no barco para junto deles, e o vento se acalmou; e eles ficaram atônitos, pois não tinham entendido o milagre dos pães. Seus corações estavam endurecidos. Depois de atravessarem o mar, chegaram a Genesaré e ali amarraram o barco. Logo que desembarcaram, o povo reconheceu Jesus. Eles percorriam toda aquela região e levavam os doentes em macas, para onde ouviam que ele estava. E aonde quer que ele fosse, povoados, cidades ou campos, levavam os doentes para as praças. Suplicavam-lhe que pudessem pelo menos tocar na borda do seu manto; e todos os que nele tocavam eram curados.



Para nós, hoje, o início deste texto pode ser um pouco complexo de aceitar, mas na época uma pessoa do nível social de Jesus era alguém que seria inculto e se, apenas, tivesse a possibilidade de ler textos, já seria um grande conhecimento, quanto mais interpretá-los, especialmente da maneira que fazia, sem seguir os "comentários" feitos pelos grandes rabinos (Midrash e Mishná). Herodes ficou com muito receio com o que ouvia sobre Jesus ser João Batista ressuscitado, pois se fosse verdade, segundo a crença da época dos povos, este voltava para persegui-lo e retribuir sua má ação. É curioso pensar no texto do versículo 31 que diz que Jesus e seus discípulos não tinham tempo, sequer, para se alimentarem e a relação com o texto de Lucas 4 ("nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra de Deus"). Outro aspecto interessante do texto é que, apesar de muitas pessoas para serem alimentadas e Jesus dizendo para os discípulos as alimentarem, a resposta dos discípulos não é "não temos dinheiro para comprar tantos pães" ou algo parecido, mas "Devemos gastar tanto dinheiro em pão e dar-lhes de comer?" Isto implica pensarmos que eles tinham dinheiro suficiente para tal (ainda que os fosse deixar sem qualquer reserva), mas não queriam gastar seu dinheiro com os outros, apesar de no início do texto Jesus dizer que não tinham que se preocupar com o que vestir, comer ou com dinheiro reserva.

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