sexta-feira, 19 de setembro de 2014

2 Samuel 19

Informaram a Joabe que o rei estava chorando e se lamentando por Absalão. E para todo o exército a vitória daquele dia se transformou em luto, porque as tropas ouviram dizer: "O rei está de luto por seu filho". Naquele dia, o exército ficou em silêncio na cidade, como fazem os que fogem humilhados da batalha. O rei, com o rosto coberto, gritava: "Ah, meu filho Absalão! Ah, Absalão, meu filho, meu filho!" Então Joabe entrou no palácio e foi falar com o rei: "Hoje humilhaste todos os teus soldados, os quais salvaram a tua vida, bem como a de teus filhos e filhas, e de tuas mulheres e concubinas. Amas os que te odeiam e odeias os que te amam. Hoje deixaste claro que os comandantes e os seus soldados nada significam para ti. Vejo que ficarias satisfeito se, hoje, Absalão estivesse vivo e todos nós, mortos. Agora, vai e encoraja teus soldados! Juro pelo Senhor que, se não fores, nem um só deles permanecerá contigo esta noite, o que para ti seria pior do que todas as desgraças que já te aconteceram, desde a tua juventude". Então o rei levantou-se e sentou-se junto à porta da cidade. Quando o exército soube que o rei estava sentado junto à porta, todos os soldados foram até ele. Enquanto isso, os israelitas fugiam para casa. Em todas as tribos de Israel o povo discutia, dizendo: "Davi nos livrou das mãos de nossos inimigos; foi ele que nos libertou dos filisteus. Mas agora fugiu do país por causa de Absalão; e Absalão, a quem tínhamos ungido rei, morreu em combate. E então, por que não falam em trazer o rei de volta?" Quando chegou aos ouvidos do rei o que todo o Israel estava comentando, Davi mandou a seguinte mensagem aos sacerdotes Zadoque e Abiatar: "Perguntem às autoridades de Judá: Por que vocês seriam os últimos a conduzir o rei de volta ao seu palácio? Vocês são meus irmãos, sangue do meu sangue! Por que, então, seriam os últimos a ajudar no meu retorno?" E digam a Amasa: "Você é sangue do meu sangue! Que Deus me castigue com todo o rigor se, de agora em diante, você não for o comandante do meu exército em lugar de Joabe". As palavras de Davi conquistaram a lealdade unânime de todos os homens de Judá. E eles mandaram dizer ao rei que voltasse com todos os seus servos. Então o rei voltou e chegou ao Jordão. E os homens de Judá foram a Gilgal, ao encontro do rei, para ajudá-lo a atravessar o Jordão. Simei, filho de Gera, benjamita de Baurim, foi depressa com os homens de Judá para encontrar-se com o rei Davi. Com ele estavam outros mil benjamitas e também Ziba, supervisor da casa de Saul, com seus quinze filhos e vinte servos. Eles entraram no Jordão antes do rei, e atravessaram o rio a fim de ajudar a família real na travessia e fazer o que o rei desejasse. Simei, filho de Gera, atravessou o Jordão, prostrou-se perante o rei e lhe disse: "Que o meu senhor não leve em conta o meu crime. E que não te lembres do mal que o teu servo cometeu no dia em que o rei, meu senhor, saiu de Jerusalém. Que o rei não pense mais nisso! Eu, teu servo, reconheço que pequei. Por isso, de toda a tribo de José, fui o primeiro a vir ao encontro do rei, meu senhor". Então Abisai, filho de Zeruia, disse: "Simei amaldiçoou o ungido do Senhor, ele deve ser morto!" Davi respondeu: "Que é que vocês têm com isso, filhos de Zeruia? Acaso se tornaram agora meus acusadores? Deve alguém ser morto hoje em Israel? Ou não tenho hoje a garantia de que voltei a reinar sobre Israel?" E o rei prometeu a Simei, sob juramento: "Você não será morto". Mefibosete, neto de Saul, também foi ao encontro do rei. Ele não havia lavado os pés nem aparado a barba nem lavado as roupas, desde o dia em que o rei partira até o dia em que voltou em segurança. Quando chegou de Jerusalém e encontrou-se com o rei, este lhe perguntou: "Por que você não foi comigo, Mefibosete?" Ele respondeu: "Ó rei, meu senhor! Eu, teu servo, sendo aleijado, mandei selar o meu jumento para montá-lo e acompanhar o rei. Mas o meu servo me enganou. Ele falou mal de mim ao rei, meu senhor. Tu és como um anjo de Deus! Faze o que achares melhor. Todos os descendentes do meu avô nada mereciam do meu senhor e rei, senão a morte. Entretanto, deste a teu servo um lugar entre os que comem à tua mesa. Que direito tenho eu, pois, de te pedir qualquer outro favor?" Disse-lhe então o rei: "Você já disse o suficiente. Minha decisão é que você e Ziba dividam a propriedade". Mas Mefibosete disse ao rei: "Deixa que ele fique com tudo, agora que o rei meu senhor chegou em segurança ao seu lar". Barzilai, de Gileade, também saiu de Rogelim, acompanhando o rei até o Jordão, para despedir-se dele. Barzilai era bastante idoso; tinha oitenta anos. Foi ele que sustentou o rei durante sua permanência em Maanaim, pois era muito rico. O rei disse a Barzilai: "Venha comigo para Jerusalém, e eu cuidarei de você". Barzilai, porém, respondeu: "Quantos anos de vida ainda me restam, para que eu vá com o rei e viva com ele em Jerusalém? Já fiz oitenta anos. Como eu poderia distinguir entre o que é bom e o que é mau? Será que hoje o teu servo ainda pode sentir o gosto daquilo que come e bebe? Posso ainda apreciar a voz de homens e mulheres cantando? Eu seria mais um peso para o rei, meu senhor. Teu servo acompanhará o rei um pouco mais, atravessando o Jordão, mas não há motivo para uma recompensa dessas. Permite que o teu servo volte! E que eu possa morrer na minha própria cidade, perto do túmulo de meu pai e de minha mãe. Mas aqui está o meu servo Quimã. Que ele vá com o meu senhor e rei. Faze por ele o que achares melhor!" O rei disse: "Quimã virá comigo! Farei por ele o que você achar melhor. E tudo o mais que desejar de mim, eu o farei por você". Então, todo o exército atravessou o Jordão, e também o rei o atravessou. O rei beijou Barzilai e o abençoou. E Barzilai voltou para casa. O rei seguiu para Gilgal; e com ele foi Quimã. Todo o exército de Judá e a metade do exército de Israel acompanharam o rei. Logo os homens de Israel chegaram ao rei para reclamar: "Por que os nossos irmãos, os de Judá, seqüestraram o rei e o levaram para o outro lado do Jordão, como também a família dele e todos os seus homens?" Todos os homens de Judá responderam aos israelitas: "Fizemos isso porque o rei é nosso parente mais chegado. Por que vocês estão irritados? Acaso comemos das provisões do rei ou tomamos dele alguma coisa?" Então os israelitas disseram aos homens de Judá: "Somos dez com o rei; e muito maior é o nosso direito sobre Davi do que o de vocês. Por que nos desprezam? Nós fomos os primeiros a propor o retorno do nosso rei! " Mas os homens de Judá falaram ainda mais asperamente do que os israelitas.


Davi reuniu o povo de Judá e os israelitas, de forma que novamente todos estavam debaixo da autoridade do mesmo rei. O fato de Mefibosete não ter lavado os pés, as roupas e aparado a barba demonstra sua tristeza pela partida do rei. Simei, consciente de seu erro, saiu às pressas para pedir perdão a Davi por tê-lo amaldiçoado (2Sm 16) e tacado pedras. Davi prontamente o perdoa. Barzilai que proveu a Davi tudo o que necessitava enquanto estava fugindo de Absalão foi a seu encontro e foi convidado pelo rei para morar com ele, mas recusou devido a sua idade avançada, apesar de ter entregue o servo Quimã para que recebesse o tratamento que lhe Barzilai receberia. Há duas lições neste texto: devemos saber reconhecer nossos erros e nos desculparmos, bem como saber perdoar, independentemente de quem ou como alguém nos magoe.

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