domingo, 17 de maio de 2015

Lamentações 3

Eu sou o homem que viu a aflição trazida pela vara da sua ira. Ele me impeliu e me fez andar na escuridão, e não na luz; sim, ele voltou sua mão contra mim vez após vez, o tempo todo. Fez que a minha pele e a minha carne envelhecessem e quebrou os meus ossos. Ele me sitiou e me cercou de amargura e de pesar. Fez-me habitar na escuridão como os que há muito morreram. Cercou-me de muros, e não posso escapar; atou-me a pesadas correntes. Mesmo quando chamo ou grito por socorro, ele rejeita a minha oração. Ele impediu o meu caminho com blocos de pedra; e fez tortuosas as minhas sendas. Como um urso à espreita, como um leão escondido, arrancou-me do caminho e despedaçou-me, deixando-me abandonado. Preparou o seu arco e me fez alvo de suas flechas. Atingiu o meu coração com flechas de sua aljava. Tornei-me motivo de riso de todo o meu povo; nas suas canções eles zombam de mim o tempo todo. Fez-me comer ervas amargas e fartou-me de fel. Quebrou os meus dentes com pedras; e pisoteou-me no pó. Tirou-me a paz; esqueci-me do que significa prosperidade. Por isso digo: "Meu esplendor já se foi, bem como tudo o que eu esperava do Senhor". Lembro-me da minha aflição e do meu delírio, da minha amargura e do meu pesar. Lembro-me bem disso tudo, e a minha alma desfalece dentro de mim. Todavia, lembro-me também do que pode dar-me esperança: Graças ao grande amor do Senhor é que não somos consumidos, pois as suas misericórdias são inesgotáveis. Renovam-se cada manhã; grande é a tua fidelidade! Digo a mim mesmo: A minha porção é o Senhor; portanto, nele porei a minha esperança. O Senhor é bom para com aqueles cuja esperança está nele, para com aqueles que o buscam; é bom esperar tranqüilo pela salvação do Senhor. É bom que o homem suporte o jugo enquanto é jovem. Leve-o sozinho e em silêncio, porque o Senhor o pôs sobre ele. Ponha o seu rosto no pó; talvez ainda haja esperança. Ofereça o rosto a quem o quer ferir, e engula a desonra. Porque o Senhor não o desprezará para sempre. Embora ele traga tristeza, mostrará compaixão, tão grande é o seu amor infalível. Porque não é do seu agrado trazer aflição e tristeza aos filhos dos homens. Esmagar com os pés todos os prisioneiros da terra, negar a alguém os seus direitos, enfrentando o Altíssimo, impedir a alguém o acesso à justiça; não veria o Senhor tais coisas? Quem poderá falar e fazer acontecer, se o Senhor não o tiver decretado? Não é da boca do Altíssimo que vêm tanto as desgraças como as bênçãos? Como pode um homem reclamar quando é punido por seus pecados? Examinemos e submetamos à prova os nossos caminhos, e depois voltemos ao Senhor. Levantemos o coração e as mãos para Deus, que está nos céus, e digamos: "Pecamos e nos rebelamos, e tu não nos perdoaste. Tu te cobriste de ira e nos perseguiste, massacraste-nos sem piedade. Tu te escondeste atrás de uma nuvem para que nenhuma oração chegasse a ti. Tu nos tornaste escória e refugo entre as nações. Todos os nossos inimigos escancaram a boca contra nós. Sofremos terror e ciladas, ruína e destruição". Rios de lágrimas correm dos meus olhos porque o meu povo foi destruído. Meus olhos choram sem parar, sem nenhum descanso, até que o Senhor contemple dos céus e veja. O que eu enxergo enche-me a alma de tristeza, de pena de todas as mulheres da minha cidade. Aqueles que, sem motivo, eram meus inimigos caçaram-me como a um passarinho. Procuraram fazer minha vida acabar na cova e me jogaram pedras; as águas me encobriram a cabeça, e cheguei a pensar que o fim de tudo tinha chegado. Clamei pelo teu nome, Senhor, das profundezas da cova. Tu ouviste o meu clamor: "Não feches os teus ouvidos aos meus gritos de socorro". Tu te aproximaste quando a ti clamei, e disseste: "Não tenha medo". Senhor, tu assumiste a minha causa; e redimiste a minha vida. Tu tens visto, Senhor, o mal que me tem sido feito. Toma a teu cargo a minha causa! Tu viste como é terrível a vingança deles, todas as suas ciladas contra mim. Senhor, tu ouviste os seus insultos, todas as suas ciladas contra mim, aquilo que os meus inimigos sussurram e murmuram o tempo todo contra mim. Olha para eles! Sentados ou em pé, zombam de mim com as suas canções. Dá-lhes o que merecem, Senhor, conforme o que as suas mãos têm feito. Coloca um véu sobre os seus corações e esteja a tua maldição sobre eles. Persegue-os com fúria e elimina-os de debaixo dos teus céus, ó Senhor.


Apesar de tudo o que o profeta está passando ele reconhece que Deus é sua esperança, que somente por sua misericórdia não fomos consumidos. No momento de tristeza a forma que temos de superar é nos humilhando diante de Deus. Jeremias reconhece seus pecados e pede perdão a Deus.

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