quinta-feira, 26 de julho de 2012

Jó 6

Então Jó respondeu, dizendo: Oh! se a minha mágoa retamente se pesasse, e a minha miséria juntamente se pusesse numa balança! Porque, na verdade, mais pesada seria, do que a areia dos mares; por isso é que as minhas palavras têm sido engolidas. Porque as flechas do Todo-Poderoso estão em mim, cujo ardente veneno suga o meu espírito; os terrores de Deus se armam contra mim. Porventura zurrará o jumento montês junto à relva? Ou mugirá o boi junto ao seu pasto? Ou comer-se-á sem sal o que é insípido? Ou haverá gosto na clara do ovo? A minha alma recusa tocá-las, pois são para mim como comida repugnante. Quem dera que se cumprisse o meu desejo, e que Deus me desse o que espero! E que Deus quisesse quebrantar-me, e soltasse a sua mão, e me acabasse! Isto ainda seria a minha consolação, e me refrigeraria no meu tormento, não me poupando ele; porque não ocultei as palavras do Santo. Qual é a minha força, para que eu espere? Ou qual é o meu fim, para que tenha ainda paciência? E porventura a minha força a força da pedra? Ou é de cobre a minha carne? Está em mim a minha ajuda? Ou desamparou-me a verdadeira sabedoria? Ao que está aflito devia o amigo mostrar compaixão, ainda ao que deixasse o temor do Todo-Poderoso. Meus irmãos aleivosamente me trataram, como um ribeiro, como a torrente dos ribeiros que passam, que estão encobertos com a geada, e neles se esconde a neve, no tempo em que se derretem com o calor, se desfazem, e em se aquentando, desaparecem do seu lugar. Desviam-se as veredas dos seus caminhos; sobem ao vácuo, e perecem. Os caminhantes de Tema os vêem; os passageiros de Sabá esperam por eles. Ficam envergonhados, por terem confiado e, chegando ali, se confundem. Agora sois semelhantes a eles; vistes o terror, e temestes. Acaso disse eu: Dai-me ou oferecei-me presentes de vossos bens? Ou livrai-me das mãos do opressor? Ou redimi-me das mãos dos tiranos? Ensinai-me, e eu me calarei; e fazei-me entender em que errei. Oh! quão fortes são as palavras da boa razão! Mas que é o que censura a vossa argüição? Porventura buscareis palavras para me repreenderdes, visto que as razões do desesperado são como vento? Mas antes lançais sortes sobre o órfão; e cavais uma cova para o amigo. Agora, pois, se sois servidos, olhai para mim; e vede se minto em vossa presença. Voltai, pois, não haja iniqüidade; tornai-vos, digo, que ainda a minha justiça aparecerá nisso. Há porventura iniqüidade na minha língua? Ou não poderia o meu paladar distinguir coisas iníquas?



Jó defende-se das acusações feitas por seus amigos e nos dá uma grande lição, se conhecemos alguém que está em sofrimento, ainda que esteja longe dos caminhos do Senhor, devemos mostrar compaixão e não apontar para o erro, culpar a pessoa pelo que está vivendo e não estender a mão para ajudar.

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