quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Jó 24

Visto que do Todo-Poderoso não se encobriram os tempos, por que, os que o conhecem, não vêem os seus dias? Até os limites removem; roubam os rebanhos, e os apascentam. Do órfão levam o jumento; tomam em penhor o boi da viúva. Desviam do caminho os necessitados; e os pobres da terra juntos se escondem. Eis que, como jumentos monteses no deserto, saem à sua obra, madrugando para a presa; a campina dá mantimento a eles e aos seus filhos. No campo segam o seu pasto, e vindimam a vinha do ímpio. Ao nu fazem passar a noite sem roupa, não tendo ele coberta contra o frio. Pelas chuvas das montanhas são molhados e, não tendo refúgio, abraçam-se com as rochas. Ao orfãozinho arrancam dos peitos, e tomam o penhor do pobre. Fazem com que os nus vão sem roupa e aos famintos tiram as espigas. Dentro das suas paredes espremem o azeite; pisam os lagares, e ainda têm sede. Desde as cidades gemem os homens, e a alma dos feridos exclama, e contudo Deus lho não imputa como loucura. Eles estão entre os que se opõem à luz; não conhecem os seus caminhos, e não permanecem nas suas veredas. De madrugada se levanta o homicida, mata o pobre e necessitado, e de noite é como o ladrão. Assim como o olho do adúltero aguarda o crepúsculo, dizendo: Não me verá olho nenhum; e oculta o rosto, nas trevas minam as casas, que de dia se marcaram; não conhecem a luz. Porque a manhã para todos eles é como sombra de morte; pois, sendo conhecidos, sentem os pavores da sombra da morte. É ligeiro sobre a superfície das águas; maldita é a sua parte sobre a terra; não volta pelo caminho das vinhas. A secura e o calor desfazem as águas da neve; assim desfará a sepultura aos que pecaram. A madre se esquecerá dele, os vermes o comerão gostosamente; nunca mais haverá lembrança dele; e a iniqüidade se quebrará como uma árvore. Aflige à estéril que não dá à luz, e à viúva não faz bem. Até aos poderosos arrasta com a sua força; se ele se levanta, não há vida segura. Se Deus lhes dá descanso, estribam-se nisso; seus olhos porém estão nos caminhos deles. Por um pouco se exaltam, e logo desaparecem; são abatidos, encerrados como todos os demais; e cortados como as cabeças das espigas. Se agora não é assim, quem me desmentirá e desfará as minhas razões?



O texto questiona o porquê de Deus não intervir nas ações dos transgressores. Os transgressores temem a luz pois os expõe a justiça, enquanto que os justos temem as trevas. Ao final do capítulo Jó diz que nada há de anormal na morte dos ímpios, ao contrário de seus amigos.

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